Professor bilingue para alfabetização de jovens e adultos
“Ao discutir inclusão para a pessoa surda precisamos falar de educação bilíngue: as dinâmicas em sala de aula devem ser diferenciadas para o aluno surdo”, defende Crisiane Bez Batti, presidente e professora voluntária da Associação Lagunense de Pais e Surdos de Laguna (Alpas).
Nesta semana, iniciou o processo para a contratação de um professor bilingue, através da Secretaria de Educação. O educador terá a missão de alfabetizar seis adultos surdos, entre 25 a 40 anos, que devido a inúmeras razões não frequentaram a sala de aula. A Associação e Secretaria de Educação pretendem oferecer diferentes metodologias para que a inclusão da pessoa surda aconteça.
Os candidatos deverão passar por uma banca de professores doutores da Ufsc, André Reichert e Carolina Pêgo, deficientes auditivos, e responder inúmeras perguntas e questionamentos sobre o processo educacional. Os professores interessados devem dominar a língua de sinais.
De acordo com Alexandra Carneiro, da Educação Inclusiva, da Secretaria de Educação, o processo está sendo um diferencial de acessibilidade. A proposta é facilitar cada vez mais o processo de aprendizagem dos alunos surdos.
Cadastrados na Alpas são 22, alguns já conhecem a lingua dos sinais e estão tendo aulas aos sábados de libras. A ideia é abrir as portas do conhecimento, para geografia, português, matemática. A Associação esteve reunida com o Governo Municipal solicitando a contratação de um professor bilingue no ano passado.
Os seis adultos que não saber ler nem escrever serão alfabetizados, primeiro, na língua materna, a libras; depois, na segunda língua obrigatória, o português.
“Assim fica muito mais tranquilo: o surdo vai ser compreendido e o processo vai caminhar de igual para igual”, afirma Crisiane Bez Batti.
Próxima etapa serão intérpretes, profissionais que utilizam libras, auxiliam na comunicação do deficiente auditivo na sala de aula, por exemplo. O intérprete tem a função de elucidar, através da língua de sinais, as explicações do professor para o aluno.
Crisiane utiliza uma intérprete nas aulas do curso de Direito, na Unisul. Também é graduanda em Letras e Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Legislação
A língua brasileira de sinais começou a ser regulamentada no país em 1993. Mas apenas em 2002 a libras foi oficialmente reconhecida e aceita como forma de comunicação e expressão da comunidade surda, por meio da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
Em 2005, com o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro, a libras foi determinada como disciplina curricular obrigatória para todos os cursos de licenciatura e fonoaudiologia, nas diferentes áreas do conhecimento. Para os demais cursos de educação superior e profissional, a disciplina é optativa.
Outra grande conquista para o movimento aconteceu em 2010, quando a profissão de tradutor–intérprete de libras foi regulamentada pela Lei nº 12.319, de 1º de setembro.
Alpas
A sede da entidade está localizada na rua Gil Ungaretti, no bairro Esperança, atrás do supermercado Althoff, em Laguna. A Associação também oferece cursos de libras para a comunidade.