A Casa das Sete Mulheres vai virar musical
Depois de minissérie, cinema, livros e músicas. A história de Anita Garibaldi e Giuseppe será dramatizada num musical no próximo ano.
Nos bastidores, atores globais já estão sendo sondados e outros preparados para reviver a história da A Casa das Sete Mulheres, da escritora Letícia Wierzchowski.
A romancista passou a tarde desta quinta-feira, dia 30, em Laguna, percorreu o centro histórico, conheceu o museu e conversou com moradores.
Depois participou de um debate sobre Anitas do século 21, com mulheres de várias idades e profissões, na sede da Fundação Lagunense de Cultura, dentro da programação da Semana Cultural. Comentou sobre o sucesso da minissérie e a volta do enredo desta vez como musical.
A coragem de Anita Garibaldi, numa época onde empoderamento feminino era inexiste, foi a vertente para enumerar as façanhas da lagunense, num período no qual ser mulher não tinha ascendência social, política e nem econômica.
“As histórias se repetem nos dias atuais, o machismo é algo real, muitas mulheres são submissas. Precisamos continuar na luta. Inferiorização da mulher ocorre todos os dias”.
Para Letícia, Anita viveu um grande dilema entre maternidade, liberdade, lugar do homem, da mulher, o que ela poderia fazer e o contrário também.
Processo criativo
Quando escreveu A Casa das Sete Mulheres, Letícia elaborou uma história através de Manuela, apaixonada por Giuseppe, mas que não pode competir com a figura de Anita. Giuseppe ficou um ano na estância no Rio Grande do Sul, onde estava Manuela, depois partiu para Laguna. Neste llivro, a romancista não demoro muito com Anita.
Dois anos após, ela escreve Farol dos Pampas sobre a morte de Manuela. Em 2016, releu o primeiro livro e durante uma corrida pelas ruas do bairro onde mora veio a ideia de encerrar a trilogia contando sobre heróis, no caso Anita e Giuseppe. Onze meses escrevendo nasceu A Travessia.
Foram os depoimentos de ex-combatentes e pessoas que conviveram em algum momento ao lado de Anita Garibaldi, uma das fontes de pesquisas. “Pouco dados sobre Anita são encontrados. Descreve-se Anita, no momento que ela está com Garibaldi, mas antes disso pouca coisa”, disse.
Letícia tem o hábito de fazer o mapa astral dos seus personagens, mas devido à falta de dados, não conseguiu para a heroína.
O romance, de acordo com ela, não é uma invenção, reuniu muitas informações para descobrir quem era Anita. “Foi uma figura fascinante. Eu me apaixonei por ela”.
Realidade
A professora de história da escola do Farol de Santa Marta, Luiza Tonon da Silva, contou sobre as suas experiências na sala de aula, Anita e a desinformação dos alunos que tentam desmistificar. Curiosa, questionou sobre a pesquisa documental da romancista.
A delegada Ana Carolina comentou sobre a violência sofrida por mulheres todos os dias registrados na instituição.
A secretária de Assistência Social Maria de Fátima Duarte relatou o preconceito nos dias atuais sobre a história de Anita.
A estudante de Arquitetura, Julieta Toledo, trabalha no arquivo histórico do pesquisador Wolfgang Ludwing Rau, na Udesc, ficou emocionada ao encontrar a escritora. O livro de Rau foi uma das bases de pesquisa de Letícia.
Frases da escritora
“Falta para as mulheres de Laguna se identificarem com Anita. A cidade não fez Justiça a ela ainda”.
“Não eu já tenho, preciso que correr atrás do sim agora”
“A mulher precisa se apoderar da sua vida”
“É preciso aproveitar a nossa história”
“Anita não ligava para convenções sociais”
“Será que nos dias atuais, a sociedade também não condenaria Anita ?”
“Anita é a Frida brasileira. Exemplos de mulheres corajosas”.
Texto e fotos: jornalista Taís Sutero