Tambores irão anunciar o sagrado no Sarau de Ogans
Num local representativo para a história do negro em Laguna os tambores serão ouvidos e tocados, desta vez, sem censura.
No quarto dia da programação, na noite nesta quarta-feira, dia 20, dia da Consciência Negra, no pátio da Fonte da Carioca, irá ocorrer o II Sarau de Ogans.
O prédio foi construído por mãos de escravos em 1863, época que não era cogitado, aos africanos com seus batuques reverenciar seus antepassados e sua religião em local público.
Em 2019, a intenção dos organizadores é promover a visibilidade da cultura afro no município e combater a intolerância religiosa.
Laguna tem fortes ligações históricas com a África, por aqui, na época da escravidão, o antigo porto era um ponto de distribuição de escravos para a região. Somente no ano de 1860, a província de Laguna tinha 33.432 mil habitantes, sendo 3.310 mil escravos. Estes homens e mulheres trouxeram a sua religiosidade.
Uma delas são os ogans, eles têm o papel fundamental dentro do terreiro e, junto com a corrente mediúnica, louvar o sagrado. São eles que tocam os tambores.
Laguna possui média de 20 a 25 terreiros entre eles, de umbanda, nação e candomblé, onde são divididos em congás de atendimentos, sessões públicas (abertas à comunidade) e sessões de desenvolvimentos (apenas para os membros da casa).
Os toques dos tambores e as músicas afro-brasileiras são rezas, louvores, cânticos de agradecimentos.
Cada terreiro tem em média de 2 a 4 ogãns, entre eles, os que tocam e puxam os pontos (cânticos).
A esperança da tolerância religiosa está no jovens
De acordo com o babalorixá Fabricio D’Iansã, será um dos coordenadores do Sarau, ele salienta que “não temos discriminação de raça, cor, gênero e nem tão pouco posição social”.
Por isso é crescente o número de jovens envolvidos, nas correntes mediúnicas. ” Alguns por achar bonito, outros por necessidade, outros que são chamados, ou melhor, a espiritualidade escolhe”
Mas, segundo Fabrício, também professor, o objetivo principal dos jovens dentro da religião é buscar propagar a fé e acabar com o preconceito inserido nas religiões de matriz africana.
“A umbanda é uma religião de amor e caridade. E não uma religião que julga”, ressalva.
Grande público está sendo esperado no encontro.
Programação
Dia 21 – tem palestra na Udesc sobre interseccionalidade e seminário.
De 17 a 23 – tem exposição Libertos, na Pizzeria Piazza, de Mateus Guimarães.
Dia 23, ás 10h – tem Parada contra a Intolerância, na Praça República Juliana.
14h – oficina de ritmos e atabaques, na Casa Candemil.
20h – tem show Líricas Negras, no Cine Mussi. apresentará repertório ligado às tradições afro religiosas e obras que remetam aos elementos estéticos da cultura africana, somando vozes de resistência a elementos percussivos. O grupo é formado por Geórgia Câmara, Negravat, Rosa Reis e Vanessa Melo.
Fotos e texto: Taís Sutero JN 1796