Mercado público aberto para visitação. Sábado tem feira
Final da tarde no deck do restaurado Mercado Público centenas de pessoas procuram o melhor ângulo para uma foto do pôr do sol.
O local é aberto ao público, quem preferir conhecer a parte interna do prédio histórico deve ficar atento aos horários. De terça a sexta-feira, das 13h às 19h. Aos sábados das 9h às 14h.
Nos sábados terá feira de artesanato.
Nas paredes, painéis contam a história do Mercado Público e da cidade. Os visitantes tiram muitas fotos. “Ficou bonito e aconchegante. Estou mandando fotos para a minha família”, conta Suelen Aparecida, 45 anos, de férias em Laguna.
O aposentado Laércio Silva, 78 anos, já frequentou muito o antigo mercado, veio conhecer o ambiente restaurado. “Agora sim, Laguna merece”, falou orgulhoso.
Rápido procurou a funcionária da Fundação Lagunense de Cultura, que está acompanhando os visitantes, e quis saber sobre os boxes.
Por se tratar de um espaço público, a ocupação do Mercado é necessário passar por uma licitação aberta para todos os interessados. O edital explicando todo o processo como preço, prazos, tipos de comércio a ser explorado, valor do aluguel, entre outros deverá ser publicado até o final de fevereiro.
Concurso das marchinhas
No domingo, dia 16, o tradicional concurso das marchinhas, será realizado no prédio histórico, a partir das 19h, em seguida, apresentação da Banda Juízo Final.
“A intenção é fazer um resgate cultural, pois música e mercado sempre combinaram”, descreve a presidente da Fundação Lagunense de Cultura, Mirela Honoratto.
Dia 12, às 18h, ensaio das Marchinhas no hall.
O Mercado Público foi entregue no último dia 31. O prefeito Mauro Candemil salientou “o esforço de todos, BNDES, Iphan e Governo Municipal para a conclusão da obra. A prefeitura pagou R$ 1 milhão e duzentos mil para que o restauro não fosse paralisado”, descreveu o chefe do poder executivo.
A obra iniciou em 2014, por problemas judiciais parou em 2015. Retornando em 2019.
O projeto de requalificação foi contratado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério do Turismo, e os recursos foram viabilizados pelo BNDES por meio de convênio com a Fundação Lagunense de Cultura (Prefeitura Municipal de Laguna), totalizando R$ 5,6 milhões em investimentos. A obra foi executada pela Prefeitura Municipal de Laguna.
Edital de concessão
A licitação dos 24 boxes por 4 anos, prorrogado por mais 4, irá definir a ocupação do prédio, dividido em bares, lanchonetes, restaurante, peixarias, açougues e outros.
Distribuição dos boxes
Na parte superior terá um restaurante com deck.
No piso inferior os espaços foram divididos em bares, empórios, cerveja artesanal, sorveteria, cafeteria, armazém para produtos orgânicos, cestaria, verdureira, padaria artesanal, tabacaria, floricultura, souvenir, restaurante saudável, peixaria, açougue, feira de hortifrutigranjeiros e agora, acessório de pesca, ou loja de produtos agropecuários ou farmácia veterinária.
O projeto de restauro da edificação foi elaborado entre 2010 e 2011 pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan),com auxílio de técnicos da prefeitura na época. A obra iniciou em 2014, por problemas judiciais parou em 2015. Retornando em 2019.
Saiba mais
2007 – O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decretou a cidade de Laguna como cidade-pólo, sendo escolhida por sua importância cultural e histórica. Com prioridade na aplicação de recursos do BNDES em investimentos de recuperação. Os recursos foram disponibilizados por meio da Lei Rouanet, contabilizando R$ 3 a 6 milhões. A lei autorizava a empresa, no caso banco, de deduzir no imposto de renda valores repassados para o incentivo cultural.
2008 – O Governo Municipal e o superintendente estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ulysses Munarin, entregaram para a gerente de incentivo à cultura do banco, Isis Pagy, os projetos do Programa de Desenvolvimento Turístico, aprovados pelo Conselho Nacional de Cultura: Mercado Público, projetos de natureza museológico do Memorial Tordesilhas e Museu Histórico Anita Garibaldi.
2010 – O prédio do Memorial Tordesilhas foi revitalizado com recursos do BNDES. A estrutura foi construída em 1904 e localizada próxima ao marco de Tordesilhas, sendo uma antiga usina de energia de Laguna é uma edificação típica da arquitetura de uso industrial do início do século XX. Com janelas amplas que colaboravam para a ventilação da usina, o prédio apresenta elementos formais característicos do romantismo, como os torreões com mão-francesas que sustentam os beirais ao redor do telhado. Próxima fase seria o projeto museográfico.
2014 – Foi assinada a ordem de serviço pelo ex-prefeito Everaldo dos Santos em 14 de abril, com prazo contratual de 36 meses, para a restauração do Mercado Público
2014 – O Governo municipal inicia o processo de contratação de empresa para a elaboração do projeto museológico e museográfico do Memorial Tordesilhas e Museu Histórico. Com recursos de R$ 498 mil destinados para a implantação da museologia e serviços de pesquisa e produção do acervo. Os recursos são do BNDES. A expectativa era de abrir as portas do museu no início do ano de 2015.
2015 – Ocorre mandado de busca e apreensão devido a irregularidades na comprovação financeira dos projetos museográfico e museológico do Memorial Tordesilhas e Museu Histórico, as obras do Mercado Público são paralisadas, pois os projetos estão atrelados.
2017 – Governo Municipal contrata uma museóloga Mirella Honorato para readequar os projetos relativos aos Memorial Tordesilhas e Museu Histórico.
Outubro de 2017 – Entram em fase conclusiva, o dossiê com as respostas aos questionamentos feitos pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES à Prefeitura de Laguna, quanto às obras de restauração do Mercado Público e os projetos de natureza museológica.
Setembro de 2018 – O prefeito Mauro Candemil, acompanhado da secretária de Planejamento, Silvânia Cappua e o presidente da Fundação Lagunense de Cultura, Márcio José Rodrigues Filho, participou de uma reunião com o presidente do BNDES, Dyogo Oliveira e o diretor Marcos Ferrari e sua equipe técnica a fim de tratar da liberação dos recursos para a obra de restauro do Mercado Público.
Novembro de 2018 – A assessoria jurídica do BNDES informou sobre a proposta repassada pelo Governo Municipal foi aprovada, com a condição de que a retomada dos desembolsos do Banco somente ocorra após a devolução dos recursos. Dentre as condições exigidas está a devolução corrigida de aproximadamente R$ 800.000,00, fruto de pagamentos considerados indevidos pelo BNDES devido a falta comprobatória da execução financeira do contrato, apuradas em processo de inquérito administrativo.
Dezembro de 2018 – BNDES emite boleto de R$ 738.150,35 para pagamento à vista.
Janeiro de 2019 – reinício da revitalização
História
No ano de 1897, a comunidade de Laguna utilizava o Mercado Público para abastecer as suas residências.
O prédio construído por Antônio Pinto da Costa Carneiro ficava nas margens da lagoa Santo Antônio dos Anjos, onde hoje está a Praça Doutor Paulo Carneiro. Pela rua da Praia, atual rua Gustavo Richard, o povo chegava até o Mercado, para comprar frutas, verduras, carnes e grãos.
Os peixes eram vendidos numa pequena banca ao lado do prédio. No espaço tinha açougue, armazém de secos e molhados, banca de frutas e verduras, com mais de 20 locais. Ao lado uma fonte de água, vinda por canos da Fonte da Carioca abastecia quem frequentava o Mercado.
Período de 1910, começa um trabalho de aterro das margens da lagoa, a água avançava pela província, a obra era para reter a força da maré.
Num domingo chuvoso e com vento sul nos anos 30, um incêndio assusta a cidade. Era 23h, o fogo destrói o Mercado.
Na época, o secretário de Justiça do Estado, Ives de Araújo, apontou como um incêndio criminoso. No ano de 1940, as ruínas do prédio incendiário foram derrubadas.
Começa um trabalho de transformação da orla marítima com a construção do atual mercado.
No ano de 1956 começa a ser erguido, no mandato do então prefeito Valmor de Oliveira. Os recursos vieram do poder público e também de empréstimos bancários.
No ano de 1958 é inaugurado o prédio com tons de rosa claro e cor de cal. No primeiro piso funcionava o Mercado Público. No segundo andar a Câmara de Vereadores e a prefeitura, instalada no local até os anos 80.
Décadas depois abrigou a Secretaria de Educação.
Texto: jornalista Taís Sutero SC 1796