Saiba como é feito o tratamento de pacientes com COVID-19 no município
A Secretaria de Saúde, através do Centro de Triagem do Coronavírus, desenvolveu um protocolo de manejo de pacientes com síndrome gripal para padronização dos atendimentos aos pacientes suspeitos e tratamento dos contaminados pelo novo Coronavírus.
Os pacientes que passam pelo atendimento no Centro de Triagem, no bairro Esperança, com sintomas de síndrome gripal recebem atendimento prévio na enfermaria, onde é feita uma triagem, para posterior realização do teste para diagnosticar a COVID-19.
Após a confirmação, a Secretaria de Saúde adota um protocolo padrão de tratamento destes pacientes confirmados com a doença, com medicamentos prescritos conforme os sintomas apresentados e as fases da COVID-19. (abaixo explicamos em detalhes cada fase)
De acordo com o protocolo deve-se ressaltar que 30% dos pacientes serão totalmente assintomáticos e 55 % terão sintomas leves a moderados.
“O principal objetivo desta proposta é sugerir que o tratamento da COVID-19 seja iniciado o mais precocemente possível para aqueles pacientes que forem contemplados pelas indicações referidas, ainda na fase infecciosa (fase I) da patologia, a nível ambulatorial quando houver possibilidade ou mediante internação em casos recomendados”, salienta a Secretária de Saúde, Valéria Olivier.
Saiba como é feito o tratamento conforme as fases da doença:
SINTOMAS LEVES:
Os sintomas mais frequentes da primeira fase (1 ao 5 dia), que geralmente se iniciam no quinto dia após o contágio, são: cefáleia persistente, febre, desconforto na garganta (sensação de “bolo” ao engolir), tosse seca, fadiga, dor abdominal, coriza, asnomia, ageusia, diarréia/náuseas e vômitos.
Orientação para prescrição em pacientes adultos na primeira (1 ao 5 dia) e segunda fase (6 ao 14 dia):
Sulfato de Hidroxicloroquina: de 12 em 12 horas (primeiro dia). Do segundo ao quinto dia: 1 vez ao dia, associado à Azitromicina (500 mg), uma vez ao dia, durante cinco dias e Oseltamivir (75 mg) de 12/12/horas, durante 5 dias.
Fase 3 (após o 14 dia): deve ser prescrito o remédio de acordo com os sintomas apresentados nesse período
SINTOMAS MODERADOS:
A Fase 2 da COVID-19, considerada a fase inflamatória, que acontece do sexto ao décimo dia após o contágio, apresenta os seguintes sintomas moderados: tosse persistente associada à febre persistente diária ou tosse persistente, com a piora progressiva de outro sintoma relacionado a COVID-19 (adinamia, prostração, hiporexia, diarreia) ou pelo menos um dos sintomas acima + presença de fator de risco
Para pacientes com sinais e sintomas MODERADOS são adotados os seguintes procedimentos: (em qualquer fase, da primeira a terceira fase)
Considerar a Internação Hospitalar
-Afastar outras causas de gravidade
-Avaliar presença de infecção bacteriana
-Considerar corticoterapia:
Recomendação: Dexametasona 4 mg 2x ao dia durante 05 dias OU
Prednisona 40mg/dia durante 05 dias.
Sulfato de Hidroxicloroquina: de 12 em 12 horas (primeiro dia). Do segundo ao quinto dia: 1 vez ao dia, associado à Azitromicina (500 mg), uma vez ao dia, durante cinco dias e Oseltamivir (75 mg) de 12/12/horas, durante 5 dias.
SINTOMAS GRAVES:
Em relação aos pacientes com sinais e sintomas considerados graves deve-se proceder o acolhimento e atendimento médico-ambulatorial imediato, ofertando oxigenioterapia, monitoramento de sinais vitais e hidratação venosa quando necessários, bem como , priorizar o chamamento de resgate para realizar o deslocamento dos mesmos ao Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos que deverá ocorrer mediante acionamento do SAMU ou Corpo de Bombeiros para casos que apresente:
-Dispnéia/desconforto respiratório ou
-Pressão persistente no Tórax saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente OU
-Coloração azulada de lábios ou rosto.
É importante ressaltar que os casos que necessitem de atendimento hospitalar e que não foram contemplados acima, podem receber o deslocamento através da ambulância municipal acompanhados de um profissional de saúde (Médico ou Técnico de Enfermagem ou Enfermeiro).
Observações sobre o uso de Hidroxicloroquina:
Segundo a 1º revisão da Proposta de Tratamento Precoce para COVID-19 publicada pelo CRM-MA, um estudo intitulado “Virological and Clinical Cure In Covid-19 Patients Treated With Hydroxychloroquine: A Systematic Review And Meta-Analysis”, divulgado em abril de 2020, sugere que o tratamento com hidroxicloroquina pode resultar em benefícios clínicos em termos de redução dos dias de febre e de tosse, além de menor número de casos evoluindo com piora radiológica pulmonar.
É relevante o número de estudos realizados e que comprovam que o uso da Hidroxicloroquina e Cloroquina associados ou não a Azitromicina, não traz benefícios clínicos em estágios avançados da doença (fases II e III), nem tampouco quando indicada para casos persistentemente leves a moderados cujo tempo entre o início dos sintomas e o uso de medicamento seja superior a 7 dias (início tardio do tratamento).
Por fim, deve-se ter cautela ao usar cloroquina ou hidroxicloroquina em associação com azitromicina, sendo recomendado realizar ECG no perfil de pacientes abaixo citados:
– Pacientes acima de 60 anos.
– Pacientes com relato de cardiopatia e uso de medicações que pode prolongar o intervalo QT (consulte crediblemeds.org).
– Pacientes com freqüência cardíaca inferior a 60 bpm.
Esse perfil de paciente deve se possível, realizar ECG e, caso sejam encontradas alterações que possam predispor a arritmias, solicitar avaliação de médico cardiologista de forma presencial ou por tele medicina. Após avaliação adequada, considerar terapia com paciente hospitalizado ou, em caso de tratamento domiciliar, recomendar retorno em 48-72h para reavaliação clínica e eletrocardiográfica dos pacientes de maior risco de prolongamento do QT.
– Na impossibilidade de acesso ao cardiologista ou tele medicina, calcular o intervalo QT corrigido pela frequência, se:
▪Intervalo QTc < 450ms pode-se indicar hidroxicloroquina e azitromicina.
▪Intervalo QTc entre 450-500ms fazer somente hidroxicloroquina.
▪Intervalo QT > 500ms encaminhar para internação e não prescrever hidroxicloroquina e azitromicina.
– Gestantes, lactantes e crianças não têm contraindicação ao uso do esquema recomendado! Avaliar risco/benefício! Crianças: 6.5mg/Kg/dia de hidroxicloroquina e também pode ser administrado azitromicina 10 mg/Kg/dia. Considerar internação das grávidas de acordo com gravidade e evolução do caso.