Um ano de pandemia. 70 óbitos. 4.120 mil casos confirmados.

No dia 17 de março de 2020, o município registrava o primeiro contágio com o coronavírus. Um ano depois, Laguna tem 70 mortos. Quatro mil pessoas tiveram Covid no município.

 

A Unidade de Tratamento Intensivo do hospital Senhor Bom Jesus dos Passos e a enfermaria seguem com ocupação máxima.

 

A secretária de Saúde, Gabrielle Siqueira, alerta que “estamos passando o pior momento da pandemia”.

 

Famílias choram por seus mortos. “Sinto saudades da sua alegria”, lembra a professora Izabel Cristina, do companheiro Norton Luccina, vítima da covid há três meses.

 

Setenta mortos, maioria homens, na faixa etária de 70 a 79 anos.

 

Com mais idade foi uma aposentada de 95 anos, do Centro Histórico. A mais nova, uma mulher de 33 anos.

 

O bairro Cabeçuda teve o maior número de mortos, seguido do Magalhães e Centro Histórico. Regiões com maior concentração de população idosa.

  

 

Alegria contagiante. O último romântico.

 

 

Juntos há 18 anos, Cris e Norton Luccina tiveram uma linda história de amor. “Eu tenho duas filhas, a qual ele ajudou a criar e um filho”.

 

“Sinto saudades da sua alegria, do seu bom humor, saudades da sua bondade, do seu jeito carinhoso e criativo de lembrar todas as datas comemorativas, seu apoio diário e total em todos os assuntos relacionados à nossa família ou não, saudades do companheirismo em tudo”, lembra.

 

Cris montou uma escola de educação infantil e era Norton que criava e executava ideias. Era seu braço direito. Dedicação com painéis nas paredes da escola, o colorido era a alegria das crianças que adoravam o tio Norton.

  

Torcedor do Flamengo e Avaí, dia de jogo era tudo diferente. Animação de um apaixonado por futebol. Dono de uma voz cativante, Cris lembra da música Chão de Giz ao som do companheiro. “Ele era um dos últimos românticos, sempre fazia uma declaração de carinho, tinha uma letra desenhada e adorava cartas de amor”.

 

Ele me deu muita força. “Não vou desistir dos meus sonhos”.

 

 

Samba que não morreu

 

Em novembro, Maria da Glória Barreto Pegorara, a Glorinha, foi mais uma vítima. Comoção na cidade. Era ela que cantava os mais expressivos sambas, boleros e latinidades onde fosse convidada.

 

Foi servidora pública e cantora do Regional da Glorinha, intérprete das Escolas de Samba Bem Amados, Os Democratas e Mocidade Independente, a pioneira na Passarela da Matriz, Gustavo Richard e no Sambódromo. Com seu companheiro de palcos, Sidney Pegorara, foi mãe de 2 filhos, Denise e Sidney Junior, vó de 4 netos: Guilherme, Ana Clara, Sofia e Victor.

 

Na música, não teve tempo para estudar, usou o talento nato de sua voz forte e o incentivo do seu pai para cantar. Dispunha de um repertório que unia os maiores nomes do samba, no Brasil: Ângela Maria, Clara Nunes, Beth Carvalho, Elizeth Cardoso, Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Originais do Samba. 

 

Sua história vai virar samba-enredo. A escola de samba Mocidade, onde várias vezes puxou o samba na avenida, lançou um concurso para escolher o melhor enredo para o próximo carnaval. 

 

O neto Guilherme gosta de lembrar da matriarca como uma mulher visionária e verdadeiramente a frente de seu tempo, dedicou-se a fazer o que ama, sem se importar com possíveis críticas ou empecilhos. “Um exemplo possível de mulher, cantora nata, com os pés no chão, não gostava de palcos, reinou com humildade. Sua voz é uma herança eterna, patrimônio cultural de Laguna”.

 

Últimos números:

 

Neste dia 17, o Estado confirmou 740.856 mil casos e 8.958 mil mortes

 

No Brasil são 11.603.535 milhões de casos e 282.127 mil óbitos.

 

Os últimos dados de março de 2021, indicam quase 120 milhões de pessoas infectadas pelo vírus e mais de 2,6 milhões de mortes em todo mundo.