Fotos: homenagens lembram os 174 anos de morte de Anita Garibaldi

Organizado pelo Instituto Cultural Anita Garibaldi (CulturAnita), em parceria com a Fundação Lagunense de Cultura (FLC) e a Fundação Hermon, um ato em homenagem aos 174 anos de morte de Anita Garibaldi, foi realizado no Centro Histórico.

Lembrado nesta sexta, 04, a cerimônia contou com a presença das Guardiãs de Anita que colocaram coroas de flores no busto da heroína, pronunciamento da presidente da FLC, Vanere Almeida, falando sobre a importância da data, do diretor cultural e historiador Adílcio Cadorin e declamação de poesias com alunos da Fundação Hermon.

Na oportunidade, houve ainda a disposição da terra de Mandriole, em Ravenna, local do primeiro sepultamento de Anita, trazida durante viagem de uma comitiva em março desse ano, mantendo a tradição iniciada em 1970 pelo historiador Ludwig Rau, secundado em 2001 pelo então prefeito Adilcio Cadorin, que havia celebrado o gemellaggio entre as cidades de Ravena, onde Anita faleceu, e Laguna, onde Anita nasceu.

Em contrapartida, os descendentes de Anita e as autoridades italianas, também por três vezes, levaram um punhado de terras de Laguna. O torrão de terra ficará exposto no Museu Casa de Anita, até a próxima renovação.

O ato ainda contou com apresentação de músicos da Banda Carlos Gomes, durante a execução do ‘Toque do Silêncio’.

O objetivo do encontro é poder reverenciar o 04 de agosto, data da morte de Anita, ocorrido em 1849, na Itália, 26 dias antes de completar 28 anos de idade. Um ato de civismo, de reconhecimento e de gratidão a ela, seja pelos ideais de liberdade que morreu defendendo, seja pelos seus exemplos de solidariedade humana.

Em suas memórias, Garibaldi escreveu:

“Ao depor minha mulher no leito, me pareceu descobrir em seu rosto a expressão da morte”. Tomei-lhe o pulso (…) já não batia. Eu tinha diante de mim o cadáver da mãe dos meus filhos, que eu tanto amava. Garibaldi não mais se conteve o pranto e extravasou tudo o que sentiu naquele doloroso momento. Ajoelhou-se ao lado da cama, segurou com as duas mãos a face de Anita e exclamou: “Não, não, ela não está morta! Não é senão um novo ataque. Muito teve que sofrer, não, não está morta! Anita! É impossível! Olha para mim, Anita! Fala comigo! Quanto eu perdi! Anita acabara de expirar”! Eram 19h45m de sábado, dia 4 de agosto de 1849.

Texto extraído do livro ‘Anita Guerreira das Repúblicas e da Liberdade’, pag.254 – 5° edição. Adilcio Cadorin.

Há 174 anos morria Anita Garibaldi

Na Itália, num dia frio e com perseguidores por toda a parte, morria Anita Garibaldi, em 4 de agosto de 1849.

Ela foi uma heroína e revolucionária, juntamente com o seu companheiro italiano Giuseppe Garibaldi, que conheceu aos 18 anos, em Laguna, durante a durante a Revolução Juliana.

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Tanto no Brasil como na Itália, Anita é considerada exemplo de dedicação e coragem. Seu nome foi dado a dois municípios, ambos em Santa Catarina: Anita Garibaldi e Anitápolis. Monumentos na Itália e Brasil lembram a heroína.

Ela nasceu em Laguna em 30 de agosto de 1821. 

Coragem

Assim que conheceu Giuseppe, Anita se apaixonou e decidiu lutar pela independência de Sanra Catarine e Rio Grande do Sul e de outros territórios, ela estava com 18 anos.

Enquanto estiveram juntos, tiveram cinco filhos um deles morreu aos dois anos e outro junto com a mãe. Anita seguiu seu marido nos combates em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai (Montevidéu) e Itália, onde presenciou a proclamação da República Romana, em 1849, mesmo ano da sua morte.

Em 2012, seu nome foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, em Brasília.

Vida

Ana de Jesus Ribeiro foi obrigada a casar-se aos catorze anos, com uma pessoa com quem não tinha a menor afinidade. Era o ano de 1835, o prédio onde vestiu-se para o casamento, fica ao lado da igreja Santo Antônio, transformada num espaço histórico, a Casa de Anita.

Quatro anos depois, em 1839, Manuel se alista na Guarda Nacional do Império e deixa Laguna e Anna.

Foi o porto de Laguna que veria em 1839 transformar a pacata vila em cenário revolucionário. A República Rio Grandense fundada pelos farroupilhas precisava prosperar e, para isso, necessitava chegar até o mar. Os imperialistas controlavam os portos e rios do estado vizinho. Garibaldi e seus aliados tomaram Laguna em julho de 1839, intitulado a República Catarinense.

Anita conhece Garibaldi e quatro meses depois, quando os revolucionários decidem sair de Laguna, a lagunense vai junto. Com Garibaldi vai para Rio Grande do Sul, Uruguai e tem quatro filhos.

Batalha

No ano de 1849, Anita desembarca na Itália, com os filhos. Recebe como presente uma bandeira tricolor italiana. A campanha para a unificação da Itália estava crescendo. Na época, a península era um aglomerado de reinos dominados pelos austríacos contra a não unificação do território.

Numa destas batalhas, os austríacos saíram vitoriosos e Garibaldi não aceitou a derrota e partiu. Anita foi junto, vestida como homem. Foi sua última viagem. As cavalgadas noturnas, a má alimentação e as noites ao relento minaram sua saúde. Ela estava grávida do quinto filho. Ao chegar à República de São Marino, ardia de febre.

Em 1º de agosto, no litoral tomaram barcos para alcançar mais rápido Veneza, mas foram perseguidos por uma esquadra austríaca. Dois dias depois chegaram a uma fazenda em Mandriole, perto de Ravena, Anita não resistiu e morreu.

O corpo da brasileira foi enterrado no cemitério da Igreja de San Alberto, em Madriole Em 1932, seus restos mortais ganharam um mausoléu em Roma.

Foto: André Luiz/Secom PML

Cronologia

1821 – Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em 30 de agosto em Morrinho, hoje bairro Anita Garibaldi na cidade de Tubarão, mas que na época pertencia a Laguna;

1835 – Aos 14 anos, Ana casa-se com o sapateiro Manoel dos Cachorros;

1839 – Conhece o italiano Giuseppe Garibaldi na Vila de Laguna durante a República Catarinense. Recebe o apelido de Anita;

1840 – Em janeiro, Anita é presa em Lages. Consegue fugir e encontra Garibaldi;

1840 – Nasce Menotti, em Mostardas, no Rio Grande do Sul;

1841 – A família decide ir para Montevideo, no Uruguai;

1842 – O casal oficializa a relação;

1843 – Nasce Rosa, segundo filho. A pequena morreu dois meses depois;

1845 – Nasce Teresa, terceiro filho;

1847 – Nasce Ricciotti Garibaldi, quarto filho;

1848 – Anita desembarca na Itália, com os filhos. Garibadi aguarda no Uruguai, boas notícias da esposa, para seguir para a Europa;

1849 – Proclamação da República Romana. Com a invasão de franceses e austríacos o casal abandona Roma. Eles seguem pelo interior da Itália em fuga;

1849 – Agosto – Anita morre em Ravena, na Itália, grávida do quinto filho.

Foto: André Luiz/Secom