Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos comemora 154 anos
Fundado em 3 de abril de 1855, devido ameaça de uma epidemia de cólera, o hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos foi criado. Depois de 154 anos, a entidade passou por inúmeras dificuldades, e hoje é um dos mais importantes hospitais da região Lagunar.
Programação
03 de Abril – Sexta-feira
15h Missa comemorativa
Local Capela do Hospital
16h Corte do bolo de aniversário
Local Sala do Senhor dos Passos
04 de Abril Sábado
Das 8h às 12h Hospital na Praça
Local Centro Histórico
Apoio Sesc
Flipper Hotel
Posto Santos
Rainha Calçados
Rotary Clube Laguna
TESFA
16 de Abril
19h – Solenidade de entrega dos títulos Amigo do Hospital e Sócio Honorário às entidades e pessoas que colaboraram com a instituição no último ano
20h30min Coquetel
Local Centro Cultural Santo Antônio dos Anjos
26 de Abril
9h Torneio de futebol beneficente
Local Campo do LEC
Apoio Departamento de Esportes da PML
História do hospital
Por Regina Ramos dos Santos
O movimento para criação de um hospital em Laguna começou em meados do século XIX. Os primeiros documentos datam de 1855, demonstrando intensa atividade de pessoas influentes, com o objetivo de dotarem a cidade de uma casa de saúde.
O fruto deste trabalho surge oficialmente em 3 de abril de 1855, quando o presidente da Província de Santa Catarina sancionou lei autorizando a criação do primeiro hospital do Sul do Estado, denominado São Francisco de Assis.
O termo de abertura do primeiro livro de atas, rubricado por Pedro Francisco da Silva, primeiro provedor, tem a data de 28 de setembro de 1855. Os demais membros desta primeira comissão eram: Jerônimo Coelho Neto, Antônio José da Silva, João Pacheco dos Reis (mordomo), João José da Silva Guimarães, José Francisco da Silva Pinto, José Antônio Fernandes Viana e Joaquim José Mendes Braga.
A finalidade da primeira reunião era estudar as providências necessárias para a urgente instalação de um hospital provisório, já que havia ameaça de epidemia de cólera. Na mesma reunião, decidiram apelar ao Presidente da Província, no sentido de obterem recursos.
A comissão começou a coleta de fundos entre a população, notadamente entre comerciantes e donos de embarcações. Com os recursos, o mordomo foi autorizado a adquirir os utensílios indispensáveis.
Em março de 1856, a comissão alugou um depósito pertencente a Francisco Fernandes Martins, situado na Ponta do bairro Magalhães. As ruínas ainda podem ser vistas, ao lado do Colégio “Stella Maris”. Para administrar a casa, devendo nela residir, foi contratado Alexandre José Mendes. O prédio já era velho, quando o hospital foi instalado, tendo ali funcionado durante 16 anos, procurando sua administração mantê-lo com higiene e conforto, apesar da falta de recursos para manutenção.
Tinha capacidade para dez doentes de cada sexo e, em casos excepcionais, quinze. O público-alvo eram os marinheiros não residentes em Laguna, os escravos e os pobres. Em 1858, houve uma epidemia de varíola e o pequeno e improvisado hospital ficou superlotado.
Sua primeira equipe era formada pelo médico Antônio Fernando da Costa, enfermeiros Joaquim de Souza Freitas e Luiza Maria de Moraes e pelo cozinheiro Luiz Cláudio. Havendo Antônio partido para a Capital, assumiu o cargo o cirurgião do batalhão de infantaria, João Fortunado José da Silva, aquartelado em Laguna, que viria a ser demitido logo a seguir.
Em 1868, como medida de economia, a diretoria, comandada pelo provedor Tenente-Coronel Joaquim José Pinto d’Ulysséa, resolveu dispensar o cozinheiro, já que o movimento era pequeno e a escrava outrora doada ao hospital podia desempenhar o trabalho, apesar da idade avançada. Neste momento, a direção decidiu aceitar os serviços gratuitos do Dr. Francisco José Luiz Viana.
Em 1870, o médico desentendeu-se com o grupo e deixou de prestar atendimento. Por alguns meses, tratou dos doentes Dr. Joaquim dos Remédios Monteiro. Em março de 1871, mudou-se para a Corte e, não havendo outro que lhe substituísse e também pela falta de recursos, o hospital foi fechado pela primeira vez. Em meados de 1872, o hospital é reaberto.
Em 1874, importante fonte de recursos foi retirada da instituição, quando o governo extinguiu a cobrança das taxas sobre marinheiros e sobre a tonelagem dos navios, que revertiam em favor do hospital.
Em 1875, foram assistidos pelo estabelecimento 52 doentes, dos quais sete faleceram, 32 tiveram alta e três se ausentaram. Há um ano, o governo não pagava a subvenção anual de dois contos de réis. Sem recursos e considerando que havia apenas dois doentes internados, a comissão resolveu fechar o hospital novamente, em 15 de junho de 1877.
Em agosto do mesmo ano, melhoradas as condições financeiras, o grupo tornou a abri-lo. Foi convidado a tratar dos doentes o farmacêutico Manoel Gonçalves da Costa Barreiros, já que o médico existente na cidade (Dr. Viana) recusava-se a ali prestar atendimento. Decorridos alguns meses, o médico Aristides Cajueiro de Campos veio residir na cidade, passando a atender no hospital.
A comissão já vinha há tempos estudando uma maneira de construir um hospital novo, já que a casa em que estavam instalados era pequena e velha. Como já possuía terreno em local favorável, começou, com muita disposição, campanha de arrecadação de recursos para iniciar a obra. A Irmandade Senhor Bom Jesus dos Passos, à qual pertenciam quase todos os membros da diretoria, teve papel decisivo nesta iniciativa.