Butiá garante sustento para 50 famílias

A venda informal de butiás às margens da BR-101 em Laguna, no Litoral Sul, tornou-se uma atividade rentável para cerca de 50 famílias que vivem na comunidade de Barranceira. Além da fruta in natura, os moradores vendem sucos e polpa e, dependendo da época do ano, chegam a faturar até R$ 50 por dia.

Toda a produção de butiás vem de uma área privada de preservação próxima da BR-101, mas as famílias sempre tiveram liberdade para realizar a colheita. Não é necessário fazer o plantio nem executar trabalhos como poda e aplicação de defensivos. Os butiazeiros, instalados no local há décadas, são nativos e, como não gastam com cuidados especiais e nem enfrentam custos de produção, garantem 100% de lucro na venda da fruta.

Evaristo Silva Couto, de 43 anos, é um dos moradores da região que garante o sustento de toda a sua família com a atividade. Ele vende butiás na BR-101 há 16 anos e, desde de 2007, deixou de ser pescador para se dedicar exclusivamente à colheita e venda da fruta, às quais considera bem mais rentáveis do que a pesca.

Verão faz festa dos produtores

– O verão é a melhor época e a clientela é grande, mas na baixa temporada dá para faturar uns R$ 70 por dia – calcula o vendedor.

A venda dos butiás para os motoristas ocorre em uma área de menos de dois quilômetros paralela à rodovia. Em todas as barraquinhas, espalhadas pelos dois lados da BR-101, o saquinho do butiá pesa cerca de 300 gramas e custa, em média, R$ 2. A maioria dos comerciantes também vende suco natural de butiá e também a polpa congelada da fruta, que pode ser utilizada de várias formas na culinária.

O ponto comercial da Barranceira já virou referência para quem costuma passar pelo local. Vender em outro ponto significa prejuízo.

– A região ficou famosa. Se algum vendedor for vender butiá depois da ponte de Cabeçudas não vai ganhar dinheiro. O comércio é aqui mesmo – afirma Couto.

Mesmo depois de recolhidas todas as frutas, os butiazeiros de Laguna ainda são bem úteis. Algumas famílias aproveitam as folhas da árvore para confeccionar cestas, chapéus e outras peças trançadas de artesanato.

Saiba mais
> O butiá capitata odorata também é conhecido como butiá-da-praia, butiá-miúdo e butiá-pequeno

> É um fruto carnoso, encontrado no Litoral de Santa Catarina, mas também em parte do Rio Grande do Sul e Sudeste do Paraná

> A polpa dos frutos é usada para a fabricação de licores e vinhos e utilizada como mistura na cachaça. Nas variedades doces, sua polpa é comestível, de agradável sabor. A amêndoa da semente é aproveitada como alimento e fornece azeite alimentar

> O butiazeiro também também é utilizado como planta alternativa em projetos paisagísticos, o que aumenta a margem de rentabilidade da fruta

> No ano de 2008, a prefeitura municipal de Laguna tornou a planta símbolo do município. A Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação incluiu o butiazeiro inclusive nos projetos paisagísticos de algumas obras, e a Fundação Lagunense do Meio Ambiente (Flama) passou a se mobilizar em defesa do plantio através da ótica da educação ambiental

> Por conta das obras de duplicação da BR-101, cerca de 250 butiazeiros precisaram ser removidos no ano passado. As plantas foram preservadas e replantadas em outros locais, e encontram-se produzindo normalmente

Fonte: Diário Catarinense edição de 04 de maio de 2009
Jornalista : Marcelo Becker