Laguna: De ponto estratégico para navegação a roteiro turístico cultural

Ao completar 333 anos de fundação Laguna tem “literalmente” muita história para contar, que começou em 1676 com a colonização açoriana e resultou num belo conjunto arquitetônico tombado pelo patrimônio nacional, vinte belas praias, um dos maiores sítios arqueológicos de sambaquis da América e diversas peculiaridades de uma cidade que se transformou em roteiro histórico cultural.

Para comemorar esta data, nesta quarta-feira, dia 29, às 10h, terá homenagem em frente ao busto de Domingos de Brito Peixoto (fundador de Laguna), com corte de bolo e participação da banda União dos Artistas. Caso chover a solenidade será realizada no Centro Cultural Santo Antônio dos Anjos.

À noite, a partir das 20h, tem apresentação da República em Laguna, integrando a comemoração e a programação da vigésima oitava semana cultural.

Nesta terça-feira, dia 28, às 19h 30min, terá a banda Sentapua e Opus 4 no centro cultural. Às 20h, acontece o Festival Ivaldo Roque, onde bandas e artistas locais irão interpretar canções do compositor e cantor lagunense, homenageado nesta edição da semana cultural.

História da cidade:

Dos sambaquis à Anita

A história de Laguna começou há seis mil anos com os primeiros registros de comunidades pré-históricas, os sambaquis, chamado pescadores-coletores, formações elevadas compostas de conchas, ossos, restos de fogueiras e artefatos, alguns com 35 metros de altura.

O povo dos sambaquis, de acordo com estudos, teve contato com os xoklengs e carijós vindos do oeste, e absorveu a cultura de outras tribos. Os índios se adaptaram a região devido à proximidade com a lagoa, uma fonte de alimentos.
De acordo com levantamento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) o município conta com 43 sítios arqueológicos, de artefatos do povo sambaqui e dos guaranis.

Laguna nasceu em terras de disputa colonial. Durante os séculos XVII e XVIII, as disputas de terras entre as metrópoles portuguesa e espanhola resultaram no Tratado de Tordesilhas (1494). Desse conflito entre metrópoles, uma extensa colônia passava a se formar.

De 1500 a 1700, mas de 100 mil portugueses se deslocaram para o Brasil-Colônia. Portugal temia invasões espanholas no Sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, áreas estratégicas para se chegar ao Rio da Prata.

O litoral permitia o abastecimento de água e alimentos às embarcações. Na disputa, a necessidade de alargar as fronteiras da colônia Brasil. Contudo, somente no século XIX, foram dados os primeiros passos para uma ocupação mais efetiva do território, com políticas de povoamento para o Sul.

Segundo o historiador Antônio Carlos Marega, Laguna foi colonizada em duas etapas: a primeira, no século XVIII, meados de 1740, desbravou a região costeira da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, região que vai do Bananal até a Madre, passando por Ribeirão Pequeno. Esses primeiros colonizadores, conhecidos como Portugueses dos Açores, procuraram habitar o local em busca da pesca e do solo produtivo.

Já na segunda etapa da colonização, na primeira metade do século XIX, com o crescimento do porto, os chamados Portugueses do Continente, trouxeram o desenvolvimento econômico para a cidade. “Foram eles que injetaram dinheiro no local, formando a cadeia genealógica (famílias tradicionais) e a cultura lagunense”, acrescenta o historiador.

Laguna é considerada o berço da cultura catarinense. A cidade foi fundada em 29 de julho de 1676.

Datas marcantes no contexto histórico do município:

1494 – o Rei de Portugal Dom João II assina o Tratado de Tordesilhas. Esse tratado estabelecia um meridiano imaginário, situado a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, nas costas da África. As terras a oeste desse meridiano pertenceriam à Espanha, e as terras a leste seriam de Portugal. A linha imaginária passava por Laguna. O monumento do Tratado está localizado ao lado da rodoviária no Centro Histórico.

1676 – O bandeirantes Domingos de Brito Peixoto chega na Vila de Laguna, uma solicitação do rei de Portugal, para expandir a fronteira do Tratado de Tordesilhas. A vila se transformou em ponto de partida de expedições.
Com a chegada dos bandeirantes, a Vila, de origem indígena, foi organizada e povoada.

1839 – O revolucionário italiano Garibaldi, David Canabarro, Teixeira Nunes e soldados farroupilhas conquistam a Vila, declarando a República Catarinense.
Uma tentativa de separar o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, do comando do império.

1839 no dia 29 de julho – A Câmara de Vereadores de Laguna, presidida por Vicente Francisco de Oliveira, proclama a independência, chamando de República Catarinense ou República Juliana.

1839 no dia 4 de novembro – Batalha naval em Imbituba entre farroupilhas e imperialistas. Episódio que teve a participação de Anita, já apaixonada pelo revolucionário Garibaldi.

1839 no dia 9 de novembro – Garibaldi pressionado por Canabarro ataca a cidade vizinha de Imaruí, ficando o episódio conhecido como o Saque de Imaruí, onde comida e objetos pessoas foram levados pelos soldados farroupilhas, que estavam passando frio e fome.

1839 no dia 15 de novembro – Batalha naval, entre imperialistas e republicanos, na Barra de Laguna, os republicanos são derrotados e acabam deixando a vila.