Livro Amores Proibidos retrata a história de sete casos de amor que marcaram a trajetória do pais entre eles Anita e Giuseppe Garibaldi
Há muito tempo, celebridades brasileiras viveram histórias que poderiam marcar uma novela televisiva ou em filmes românticos, como mostra o novo livro do jornalista Maurício Oliveira, carioca radicado em Florianópolis.
Há poucos registros fotográficos dos notórios casais, pinçados entre os séculos 18 e 20, mas Amores Proibidos na História do Brasil demonstra que o magnetismo de tais relacionamentos não passaram despercebidos no imaginário popular, entre eles, Anita e Giuseppe Garibaldi.
A linguagem é a da literatura contemporânea, mas os sete casos amorosos abordados são reais. O primeiro é o de Chica da Silva com João Fernandes, que durou de 1753 e 1779. O romance entre a escrava e o contratador de diamantes tinha seu lado proibido – ela pertencia a um juiz do Arraial do Tejuco, em Diamantina (MG), e homens ricos abusavam sexualmente das escravas. Com Dom Pedro I e Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, é possível acompanhar, mediante os registros históricos, toda a trajetória da união mais polêmica do Brasil monárquico.
Iniciada em 1822, a relação chegou ao fim sete anos depois. O príncipe era casado com a imperatriz Leopoldina e a vida com a Marquesa, que começou como uma clássica relação extraconjugal, tornou-se complexa.
Domitila passou a fazer parte da corte e ganhou poder de fato, influenciando decisões do imperador. Quando Leopoldina morreu, de maneira precoce, aquilo que se imaginava lógico não ocorreu. A amante continuou na mesma situação já que, para Dom Pedro, era estrategicamente importante um casamento com uma filha de nobre família europeia.
Anita e Maria Bonita foram também parceiras de luta o revolucionário Giuseppe Garibaldi e o cangaceiro Lampião não se importaram com o fato de suas paixões – as respectivas Anita e Maria Bonita – serem mulheres comprometidas.
Tiraram as duas do colo dos maridos. Mais do que esposas, as duas foram parceiras de luta, pegando em armas quando necessário. “Tudo o que está escrito no livro aconteceu. Algumas passagens ganharam um interpretação romanceada, claro, pois não há como saber em detalhes de um encontro entre Anita e Giuseppe na praia. Mas muitas informações estão registradas em livros e em correspondências trocadas pelos protagonistas”, observa o autor.
Entre as sete histórias, há diferentes circunstância. Tempos de muita tristeza, como a descrita no relacionamento da escritora Patrícia Galvão, a Pagu, e Oswald de Andrade. Ou mulheres que não cabiam no molde submisso de fim do século 19 e primeiras décadas do século 20 e fizeram corajosas opções.
Eufrásia Teixeira Leite escolheu Paris e uma vida independente ao casamento com o abolicionista Joaquim Nabuco. A pianista e compositora Chiquinha Gonzaga preferiu viver só a ser uma infeliz esposa – separou-se de dois maridos – até encontrar a felicidade na companhia de um jovem 36 anos mais novo.
Essa saborosa coleção de relatos mostra que, querendo ou não, o amor ajudou a escrever momentos importantes da história do nosso país. Amores Proibidos na História do Brasil, de Maurício Oliveira, Editora Contexto, 157 págs., R$ 33
Fonte: Diário Catarinense – texto Renê Muller