Caputera promove Festa da Farinha para enaltecer as tradições da comunidade

Bijajica, mané pança, cuscuz, broa, beiju, bolinho assado na folha de bananeira e outros. Comidas típicas das comunidades com colonização açoriana e indígena. Em Laguna, nas cozinhas das localidades do interior, podem ser encontradas no café da manhã, para as visitas de domingo, também em momentos de festas. A comunidade da Caputera pretende enaltecer esta cultura que envolve o aipim, como o plantio, a colheita, forno, engenho, balaios e peneiras de palha e cantorias.

 

Neste final de semana, os moradores estão envolvidos na primeira Festa da Farinha. Marlene Antônio Francisco, 61 anos, do Grupo de Mães Pérolas, preparou guloseimas produzidas com aipim para vender na festa. As mulheres dividiram as atividades da fabricação. “Faço para minha família, levar para a festa e mostrar nosso talento me deixa feliz”, completou. O evento conta com apoio do Governo Municipal. O prefeito Mauro Candemil esteve na festa, conversou com moradores e acompanhou o preparo de bejus. “Nossa cultura, sendo valorizada”, enalteceu.

 

O casal Dorza da Silva e Sideral Pedro Alves construíram um típico forno para o preparo do beiju no pátio da festa. Levaram lenha, cuidaram do fogo e preparam o tacho. “Lembranças da nossa infância”, disse Dorza orgulhosa.

 

O beiju, a tapioca, o cuscuz, a canjica, polvilho, pipoca e amendoim são herança cultural indígena, aperfeiçoada pelos açorianos e seus descendentes. A farinha de mandioca tornou-se essencial nas refeições das comunidades no ínicio da colonização de Laguna,

 

Os primeiros habitantes foram índios carijós e tupi-guarani. Os primeiros colonizadores foram os açorianos, que vieram do Desterro, hoje Florianópolis.

 

Origem

 

De acordo com pesquisa dos alunos da Escola Básica Coronel José Mauricio dos Santos, o nome do bairro foi dado na Revolta de 30, onde os soldados viviam caminhando do centro de Imaruí atravessavam a lagoa em canoas, quando chegavam na localidade diziam “Graças a Deus que caímos por terra”, assim surgiu o primeiro nome Caiporterra, hoje resumido para Caputera.

 

A Revolta dos 30, foi um movimento de revolta armado, ocorrido no Brasil em 1930, que tirou do poder, através de um Golpe de Estado, o presidente Washington Luiz. Com o apoio de chefes militares, Getúlio Vargas chegou à presidência da República.

 

Outra origem pode ser da sua vegetação, palavra que em tupi-guarani lembra “mata verdadeira”. O bairro, localizado nas proximidades da BR 101 e a lagoa, está atraindo moradores, que buscam qualidade de vida, sossego e clima típico da zona rural. O bairro tem mais de três mil moradores.

 

No salão paroquial um painel com fotos dos primeiros moradores resgata a história do local.

 

Talentos do bairro

 

Artesãos do bairro mostraram seus talentos. O barbeiro Elton Pacheco de Souza fabrica com seu formão e machadinha cachorros, gorilas, lagartos, pássaros de madeira. A matéria-prima ele encontra na beira da estrada, com vizinhos que descartam uma lenha velha. “ Comecei com as aulas de artes, descobri o meu talento e não parei mais”, conta ele.

Mulheres levaram crochê e toalhas pintadas, além das guloseimas típicas. 

 

Texto e edição: jornalista Taís Sutero