Aniversário de Anita Garibaldi neste dia 30 de agosto

No ano de 1821 nascia uma menina que mudaria a história. Era agosto, os pais da pequena Bento Ribeiro da Silva e Maria Antônia de Jesus Antunes vivia no interior.

 

Após ter nascido em Morrinho, hoje bairro Anita Garibaldi em Tubarão, mas que na época pertencia à Laguna, em companhia de seus pais, Anita teria residido por curto tempo no interior de Lages, onde seu pai foi capataz.

 

 

Mais tarde, a família teria se transferido para o Mirim, pequena comunidade localizada na margem do Complexo Lagunar, hoje pertencente a Imbituba, mas que na época também era Laguna, porém, quando seu pai faleceu em data que se desconhece, já estava residindo na Carniça, hoje Campos Verdes.

 

 

Após o matrimônio, quando casou-se aos 14 anos com o sapateiro Manuel Duarte, Anita foi morar com ele e sua família em uma pequena casa na rua Fernando Machado, no centro da cidade de Laguna. A “Casa de Anita”, hoje museu, não é a casa onde morou e viveu, mas somente onde se vestiu e foi comemora seu casamenteo com uma festa. Será inaugurada nesta sexta-feira, dia 30, ás 16h.

 

 

Quatro anos depois, em 1839, Manuel se alista na Guarda Nacional do Império e deixa Laguna e Anna. O que acontece com ele é desconhecido.

 

 

Foi o porto de Laguna que veria em 1839 transformar a pacata vila em cenário revolucionário. A República Rio Grandense fundada pelos farroupilhas precisava prosperar e, para isso, necessitava chegar até o mar. Os imperialistas controlavam os portos e rios do estado vizinho.

 

 

Giuseppe Garibaldi, marinheiro, republicano e socialista, fugira de Gênova em 1834, condenado à morte por participar de um motim em Piemonte, noroeste da Itália. Viera para a América do Sul seguindo milhares de imigrantes italianos. No Rio de Janeiro, encontrou exilados italianos, aliados dos republicanos uruguaios liderados por José Rivera (1790-1854), que apoiavam a revolta republicana dos farrapos gaúchos.

 

 

Conseguiu uma carta de corsário da República de Piratini, recém-proclamada pelos rebeldes em 1836, no Rio Grande do Sul. Atacou navios do Império do Brasil. Em 1837, Garibaldi zarpou do Rio de Janeiro para Montevidéu, num barco de pesca, com nove italianos, atacando navios brasileiros ao longo da costa. Do Uruguai rumou para Laguna, para continuar a luta, antes passando pelo Rio Grande do Sul.

 

 

Em Laguna, Anna passa a frequentar a casa de uma família na Barra, nas margens da lagoa Santo Antônio, seu tio era um farroupilha. No livro de Memórias, o italiano descreveu: “Um homem que tinha conhecido convidou-me a tomar café em sua casa. Entramos e a primeira pessoa que me apareceu era Anita. A mãe dos meus filhos! A companheira da minha vida, nos bons e nos maus momentos! A mulher cuja coragem tantas vezes ambiciono!”

 

 

O italiano apelidou Anna, de Anita, diminutivo do nome feminino na língua italiana.

 

 

Era 20 de julho de 1839 Garibaldi, 32 anos e Anitta, 18 anos, até novembro do ano de 1839 vivem um grande amor na vila de Laguna, tomada pelo exército farroupilha. Sempre em alerta devido a guerra com os imperialistas.

 

 

No dia 15 de novembro, os soldados do Império surpreenderam os revolucionários e tomama a vila açoriana.

 

 

Anita decidi ir embora junto com o seu companheiro.

 

 

Guerreira

 

Primeira batalha, segundo relatos do biógrafo Wolfgang Rau (1975), ocorreu no litoral catarinense de Imbituba. No navio com soldados e Garibaldi, mandada para o porão para se proteger, volta com três homens que estavam escondidos e não volta antes de ajudá-los na batalha. Ela mesma fez a pontaria do canhão. A brava cruzou a zona de combate doze vezes, num bote, carregando munição e feridos.

 

 

O casal decidi seguir a coluna de Teixeira Nunes, em direção à Lages. O farroupilha participou da República Juliana onde conheceu o casal.

 

 

Em janeiro de 1840, os farroupilhas são surpreendidos em Curitibanos, nas proximidades do rio Marombas. Anita é presa levada ao acampamento dos imperiais. Com permissão do coronel do Império Alburquerque ela procura o corpo do companheiro entre os mortos no campo de batalha. Sem encontrá-lo, com a convicção da sua sobrevivência, foge para seguir a busca.

 

 

Juntos, eles voltam para o Rio Grande do Sul, na cidade de Mostardas, Anita tem o seu primeiro filho, Menotti, era setembro de 1840. Mais uma vez, o casal precisa fugir quando o povoado é atacado por imperalistas. Conforme relato do italiano, Anita em recuperação do parto, sobe no cavalo e com o filho nos braços decide seguir Garibaldi.

 

 

Em meados de 1841, a família decide ir para Montevideo, no Uruguai, onde Garibaldi é convidado a lutar contra as tropas argentinas de Juan Manuel Rosas, que invadiu o Uruguai para controlar o comércio do Rio da Prata. Ele une exilados italianos e lutam contra os argentinos. Suas conquistas são conhecidas na Itália e tornam o nome dele popular na Europa, como o revolucionário da Legião Vermelha.

 

 

Em 26 de março de 1842, o casal oficializa a união.

 

 

O casal tem mais três filhos, Rosa, Ricciotti e Teresa.

 

 

No ano de 1848, Anita desembarca na Itália, com os filhos. Recebe como presente uma bandeira tricolor italiana. A campanha para a unificação da Itália estava crescendo. Depois de alguns dias na casa de amigos, Anita partiu para Nice, para morar com a sogra.

 

 

Em junho, chegou Giuseppe. Uma multidão esperava por ele e pelos sessenta camisas vermelhas vindos do Uruguai. Foram dias de alegria, até ele partir com a tropa para Gênova, para oferecê-la ao rei Carlos Alberto, do Piemonte – o mesmo que tentara derrubar em 1834 e que o condenara à morte.

 

 

Garibaldi engoliu as divergências com o rei porque os patriotas queriam a unificação da Itália, que o Piemonte liderava. Na época, a península era um aglomerado de reinos. Os principais eram os Estados Pontifícios (do papa); o Piemonte-Sardenha (dinastia de Savóia, italiana); Veneza, Lombardia e Tirol (dinastia Habsburgo, austríaca); Parma e o Reino das Duas Sicílias (dinastia Bourbon, espanhola).

 

 

Em novembro, a brasileira foi com ele até Florença. Só voltou para Nice, sob protesto, quando a Legião Italiana se preparava para cruzar os Montes Apeninos para enfrentar os austríacos. Em fevereiro de 1849, repetiu a vaçanha, seguindo o marido até Rieti, perto de Roma. Só voltou para casa porque adoeceu.

 

 

Em junho de 1849, Garibaldi comandava a defesa da República de Roma contra os franceses. Um dia, quando comia pão com queijo com os oficiais no quartel-general de Villa Spada, alguém bateu à porta. O comandante abriu, abraçou quem entrava e disse: “Senhores, temos mais um soldado!” Era Anita, grávida, que havia atravessado a região controlada pelos austríacos para juntar-se a ele.

 

 

Mas os franceses saíram vitoriosos e Roma se rendeu. Garibaldi não aceitou a derrota e partiu em direção a Veneza. Anita foi junto, vestida como homem. Foi sua última viagem. As cavalgadas noturnas, a má alimentação e as noites ao relento minaram sua saúde. Ao chegar à República de São Marino, ardia de febre.

 

 

Em 1º de agosto, ao chegarem a Cesenatico, no litoral do Mar Adriático, tomaram barcos para alcançar mais rapido Veneza, mas foram perseguidos por uma esquadra austríaca. Desembarcaram numa praia deserta – ela, carregada. Dois dias depois chegaram a uma fazenda em Mandriole, perto de Ravena, onde um médico os esperava. Tarde demais. Na noite do dia 4 de agosto de 1849, ao ser finalmente colocada numa cama, Anita morreu, talvez de malária. Garibaldi, arrasado, não assistiu ao enterro. Saiu às pressas, para escapar dos austríacos. O corpo da brasileira foi enterrado no cemitério da Igreja de San Alberto, em Madriole. Em 1932, seus restos mortais ganharam um mausoléu em Roma.

 

 

Filhos de Anita e Garibaldi

 

 

Domenico Menotti Garibaldi (Mostardas, 19 de setembro de 1840 — Roma, 22 de agosto de 1903) foi um militar e político italiano, tendo sido um dos principais artífices da Unificação da Itália.

 

 

Filho mais velho de Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi, foi o único dos filhos do casal que nasceu no rancho da Família Costa, localidade de São Simão, em Mostardas, na então República Rio-Grandense, pela qual seus pais lutavam. Os demais filhos, Rosa, Ricciotti e Teresa, nasceram no Uruguai nos anos seguintes.

 

 

O primeiro nome Domenico foi herdado do avô paterno e o segundo, Menotti, foi inspirado em Ciro Menotti, herói da Unificação Italiana e muito admirado por Giuseppe Garibaldi.

 

 

Quando Anita morreu na Itália em 1849, estava grávida do quinto filho.

 

 

Menotti e Ricciotti desenvolveram carreiras militares na Itália depois de terem se engajado nas lutas chefiadas pelo pai, sendo um dos que integraram a Expedição dos Mil. Menotti recebeu várias condecorações militares e foi também agricultor, maçom e político, sendo eleito deputado por Velletri entre 1876 e 1900.

 

 

Casou-se com Italia Bidischini dall’Oglio, com quem teve seis filhos: Anita, Rosita, Gemma, Giuseppina, Giuseppe e novamente Giuseppe, este último recebendo o nome do irmão mais velho falecido com dois anos de idade.

 

 

Morreu de malária aos 63 anos e foi enterrado no mausoléu da família Garibaldi, no município de Aprília.

 

 

 

Cronologia

 

 

1821 – Ana Maria de Jesus Ribeiro nasceu em 30 de agosto em Morrinho, hoje bairro Anita Garibaldi na cidade de Tubarão, mas que na época pertencia a Laguna.

 

 

1835 – Aos 14 anos, Ana casa-se com o sapateiro Manoel dos Cachorros

 

 

1839 – Conhece o italiano Giuseppe Garibaldi na Vila de Laguna durante a República Juliana. Recebe o apelido de Anita

 

 

1840 – Em janeiro, Anita é presa em Lages. Consegue fugir e encontra Garibaldi

 

 

1840 – Nasce Menotti, em Mostardas, no Rio Grande do Sul

 

 

1841 – A família decide ir para Montevideo, no Uruguai

 

 

1842 – O casal oficializa a relação

 

 

1843 – Nasce Rosa, segundo filho. A pequena morreu dois meses depois

 

 

1845 – Nasce Teresa, terceiro filho

 

 

1847 – Nasce Ricciotti Garibaldi, quarto filho

 

 

1848 – Anita desembarca na Itália, com o filhos. Garibadi aguarda no Uruguai, boas notícias da esposa, para seguir para a Europa

 

 

1849 – Proclamação da República Romana. Com a invasão de franceses e austríacos o casal abandona Roma. Eles seguem pelo interior da Itália em fuga

 

 

1849 – agosto Anita morre em Ravena, na Itália, grávida do quinto filho.

 

 

 

Fontes:

https://super.abril.com.br/historia/a-reconstrucao-de-anita/

 

Livros:

 

Anita Garibaldi: o Perfil de uma Heroína Brasileira”, de 1975, autoria de Wolfgang Ludwig Rau

Anita- A Guerreira da Liberdade” e “Anita , a Guerreira das Repúblicas” ambos de Adilcio Cadorin)