Cultura afro é homenageada. Pesquisadora irá contar a história do negro em Laguna

A noite no centro histórico, aos pés do morro da Carioca, num espaço construído com mãos escravas, os batuques clamavam com esperança, amor e agradecimentos. O som ecoou pelas ruas de 334 anos, no segundo Sarau de Ogans, promovido pela Fundação Lagunense de Cultura, dentro da programação da Semana da Consciência Negra.

 

Ogans, eles têm o papel fundamental dentro do terreiro, são eles que tocam os tambores.

 

Laguna possui média de 20 a 25 terreiros entre eles, de umbanda, nação e candomblé, onde são divididos em congás de atendimentos, sessões públicas (abertas à comunidade) e sessões de desenvolvimentos (apenas para os membros da casa).

 

Trabalho de resgate e visibilidade ganha força com eventos ao ar livre destes grupos.

 

O prefeito Mauro Candemil acompanhou o ritual e cantou com o grupo samba enredos de escolas de samba de Laguna que citavam o dialéto africano. “O respeito é preciso ter em todas as religões e crenças”, destacou.

 

A presidente da Fundação Lagunense de Cultura, Mirella Honorato, salientou o resgate da cultura negra e na parceira na construção de políticas públicas para a cultura afro-brasileira na cidade.

 

Laguna tem fortes ligações históricas com a África, por aqui, na época da escravidão, o antigo porto era um ponto de distribuição de escravos para a região. Somente no ano de 1860, a província de Laguna tinha 33.432 mil habitantes, sendo 3.310 mil escravos. Estes homens e mulheres trouxeram a sua religiosidade.

 

De acordo com o babalorixá Fabricio D’Iansã, um dos coordenadores do Sarau “não temos discriminação de raça, cor, gênero e nem tão pouco posição social”.

 

 

Pesquisadora

 

 

Foi assinado o contrato referente ao edital da Fundação Lagunense de Cultura para organizar o acervo sobre a História e Presença Negra em Laguna, para o Museu Histórico Anita Garibaldi. A professora e pesquisadora Juliana Regazzoli será a responsável em levantar os dados.

 

 

“Este espaço de representação do patrimônio cultural negro é um sonho que venho alimentando há anos como moradora da cidade e conselheira da cultura afro-brasileira do Conselho Municipal de Políticas Culturais e, por permissão do destino, serei eu a fazer a pesquisa”, destacou.

 

A intenção é ter uma sala no museu no centro histórico de Laguna para representar a história, cultura, religiosidade de um povo que colonizou o município, até então pouco reconhecido. “É de uma grandiosidade simbólica imensurável”, enalteceu Juliana.

 

O acervo será montado com documentos, objetos e fotos. Deverá ficar exposto no próximo ano, quando o museu será reaberto.