Nota de pesar pelo falecimento de Maria da Glória, importante personalidade do samba lagunense

O Governo Municipal divulga nota de pesar pelo falecimento de Maria da Glória Barreto, conhecida como “Glorinha”, nesta sexta-feira, dia 20 de novembro. Lamentamos a morte de uma das mais importantes personalidades que muito contribuiu para a cultura do samba em Laguna.

 

Ela nasceu Maria da Glória Barreto, na comunidade pesqueira de Ponta da Barra, numa casa no alto do morro, em 14 de agosto de 1940, filha dos lagunenses, o pescador Braz da Silva Barreto e da funcionária pública Custódia Madalena, ambos, filhos e netos de origem açoriana. Seu nome é uma homenagem a Nossa Senhora da Glória.

 

É daquelas pessoas que tinha orgulho de aqui ter nascido. Por conta do trabalho de pescador de seu pai, quando pequena mudou-se para o Ribeirão Grande, terra natal deles, e só na adolescência é que, junto com os seus nove irmãos, veio para o Campo de Fora e dali para o Magalhães. Desde pequena teve de trabalhar com seu pai, até para auxiliar no sustento da família, até porque era a filha mais velha.

 

Trabalhou no comércio e, com esforço concluiu seus estudos na hoje Escola de Ensino Médio Almirante Lamego, formando-se no Magistério. Na década de 70, à convite do inesquecível diretor Edio Silva de Oliveira, ingressou no serviço público, atuando no antigo CCL – Colégio Comercial Lagunense, e lá formou um grupo musical (Conjunto do CCL) com seus colegas de trabalho, e que se apresentava nos mais diversos eventos culturais da escola, da cidade e até fora dela, fosse em festas em casas de famílias, fosse em locais públicos, sempre proporcionando alegria e diversão para nossa gente, tornando-se a precursora da música ao vivo na praia do Mar Grosso e mais do que isso, ficando conhecida como a “madrinha do samba”.

 

De voz aguda marcante interpretou os sambas e boleros mais populares, indo de Noel Rosa e Clara Nunes e passando por todos os segmentos da boa música.

 

E assim, Glorinha, como foi batizada, se tornaria a primeira e por muito tempo a única cantora/intérprete das Escolas de Samba. Em 1977, pelo convite da recém criada Agremiação, os Bem Amados (que desfilou apenas seis carnavais), interpretou o seu primeiro samba-enredo na Passarela da Matriz, defendendo uns dos sambas mais lindos das Escolas de Samba, de autoria do mestre Evaldo Roque “numa carruagem encantada, eu sonhei”. AO lado do seu pai Brás e do companheiro Sidney, desfilou pelos seis anos da Jovem Bem Amados que logo encerraria seus carnavais e criaria uma lacuna de Glorinha na avenida, para ser mãe novamente 10 anos depois, que seria preenchida com o convite da Escola de Samba os Democratas.

 

Ao lado do companheiro Sid, com os ensaios feitos no fundo do quintal na beira do Alagamar (onde 10 anos antes o trem ainda passará) da Casa 120, da Avenida Getúlio Vargas, Glorinha liderou o seu Regional. O grupo consistia dos amigos Zelino no cavaquinho, Orgel no violão e Catarina do Vila Isabel na cuíca, desde a primeira formação. Seguindo com “Brasa” no surdo, Beneval no afoxé, Nalba no afoxé e vocal, Helinho da Vila na Cubana e vocal, e no fiel maestro do Bandolim conterrâneo (da Barra) de Glorinha, o alfaiate Santos.

 

O regional da Glorinha se tornaria a referência de música brasileira na região, e um contexto que amplificou esse fato foi o Calçadão do Mar Grosso, no recém balneário de veraneio, que seria a nova apoteose da vida noturna da região, atraindo turistas do Brasil e do Mercosul.

 

Informações de: Guilherme Pegorara (neto)