Agentes comunitários espalham informações, dedicação e amor ao próximo
Eles conhecem os moradores das comunidades, sabem quem está acamado, os idosos, as famílias em vulnerabilidade social, os insistentes em não acreditar na vacina e a realidade do cidadão. Os 69 agentes comunitárias de Laguna cuidam mais de 30 mil pessoas, espalhados em 13 unidades de saúde.
Mas o trabalho desses profissionais vai muito além, principalmente neste momento de pandemia.
Servindo como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS), os agentes, ou ACS, fazem parte da equipe de Atenção Básica e de Saúde da Família, composta no mínimo por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e agente.
Em período de pandemia, são eles, que muitas das vezes, avisam sobre a vacina da Covid, qual o horário e dia da imunização do posto e também realizam o agendamento.
Percorrem as ruas e se responsabilizam pelo acompanhamento das condições de saúde da área desiginada.
Atuação na pandemia
A pandemia da Covid-19 alterou a rotina dos agentes comunitários. Eles tiveram que adaptar-se momentaneamente, devido ao distanciamento social, as visitas domiciliares presenciais e adotaram outras formas de realizar o acompanhamento dos pacientes.
A principal delas é o uso de ligações telefônicas e contatos por meio do aplicativo de mensagens instantâneas, como o WhatsApp. Quando não tem outra alternativa, eles saem, com os devidos cuidados, e vão até a residência do paciente.
No enfrentamento à Covid-19, a participação dos agentes se tornou fundamental na busca ativa por pacientes sintomáticos, na multiplicação de informações, além das contínuas visitas domiciliares.
A coordenadora dos agentes, Vânia Regina Eyng Teixeira, da Atenção Primária à Saúde explica sobre a ação destes profissionais. “ Realizar o monitoramento dos indivíduos em isolamento, fazendo a ponte com a equipe. Em caso de agravamento do caso poder encaminhar o mais brevemente para as condutas médicas cabíveis”, conta.
Paciência e combate a notícias falsas
Os agentes tem outras vezes, tem que até convencer sobre a importância da vacina. “Muitas escutas desinformados de vizinhos e redes sociais, as vezes eles tiram suas próprias conclusões. Então fica difícil”, conta Elaine Cristina da Silva, há 15 anos como agente comunitária. A paciência e muita conversa são suas estratégias.
Atualmente, ela atua no Mar Grosso, onde divide o trabalho com outras agentes, tem 640 pessoas cadastradas e 240 famílias.
Nestas idas e vindas na rua esbarrou com a história de um morador arredio. Não queria ninguém na porta da casa dele, e costumava enxotar quem tentasse. Missão não impossível para a persistente agente comunitária Elaine Cristina.
“Ele estava em estado crítico de miséria, nunca quis atendimento. Com muita conversa conseguimos socorrê-lo, Meses atrás, testou positivo pra covid, fez o tratamento e tomou os cuidados com a nossa orientação. Isso me deixa muito emocionada, porque era um paciente resistente, não queria ajuda da unidade de saúde”, lembra. O Nasf e Assistência Social também auxiliaram.
Há 10 anos como agente, no momento atual, Marisa Susana Muller, faz a ligação entre morador e saúde pública. Atua na região da Barbacena. Nesta época ajuda na vacinação contra a covid, coordena a chegada e chama pelo nome. Se alguém não está na fila na hora marcada, lá vai a Marisa descobrir o que houve. Elas são o braço direito da equipe de vacinação.
“Quando a gente chega para vacinar, a lista pronta e agendada, facilita o nosso trabalho”, conta a coordenadora do departamento de imunização da Secretaria de Saúde, Rosemari Rodriguês.
Na avaliação da moradora do bairro Mar Grosso, Ivone de Lima Cesconetto, 67 anos, que há 15 anos é atendida pela agente Elaine, a Nane, “lidar com o lado humano das pessoas é importante. Ela virou a minha amiga”. A agente viu os filhos dela crescerem e as mudanças na família.
O que as agentes fazem neste período de pandemia ?
Agendar os testes rápidos para Covid dos assintomáticos;
Agendar as vacinas conforme o cronograma designado pelo setor de imunização;
Auxiliar a equipe no horário estendido de campanha de imunização;
Auxiliar a equipe dentro da unidade de saúde para acolhimento dos usuários;
Manter as visitas em situações de vulnerabilidade, para resolutividade deste processo;
Passar informações a comunidade sobre as orientações de cuidados quanto as restrições durante o isolamento e a importância;
Denunciar o cidadão que não cumpre o isolamento, sendo este um agravo de saúde pública e por ser documentado com termo de responsabilidade.
Texto e fotos: jornalista Taís Sutero JN 1796