Dia do Pescador: profissão é o orgulho de Laguna

Quem conduz com maestria a principal atividade econômica de Laguna, não poderia deixar de ser homenageado. O Dia do Pescador (29 de junho) na cidade deve ser lembrado com o reconhecimento a altura desta profissão, nada fácil, e que exige bravura e resiliência.

 

Rodeada de lagoas e banhada pelo oceano de ponta a ponta, a cidade possui rica diversidade pesqueira, tornando a atividade uma das principais fontes de recursos da economia local.

 

Laguna é a última área de mangues do país, que se estende do Amapá (PA) até aqui. Além dos mangues, a cidade possui outra vegetação com funções parecidas: são os Marismas (aquela vegetação que parece um “cabelinho” vista no meio das lagoas). Essa característica traz benefícios para a diversidade e qualidade dos pescados que se desenvolvem nas lagoas e estuários do município.

 

Por serem áreas que servem de abrigos para várias espécies, os mangues e marismas concentram grande biodiversidade. “São berçários da vida marinha. Muitas espécies importantes como tainha, curvina, camarão rosa, dependem dos mangues e marismas como áreas de abrigo e de alimentação nas suas fases iniciais de vida”, destaca o professor de Ecologia da Udesc em Laguna, Jorge Luiz Rodrigues.

 

Com mais de quatro mil pescadores artesanais cadastrados, de acordo com dados da Colônia Z-14 e Sindicato da categoria, o município reúne diferentes tipos de profissionais da pesca: os que capturam camarão e siri nas lagoas, pescado em alto mar, com auxílio dos botos, e também, não podemos esquecer dos “pescadores amadores”, que aproveitam a atividade para relaxar, como lazer. Muitos buscam a cidade para isso também.

 

As dificuldades da profissão são comuns ao entrevistar um pescador. Cada um com sua particularidade. Há 45 anos, Odair Preve, morador do Estreito, pesca camarão e siri na Lagoa de Imaruí e diz o mesmo: ” A vida do pescador é bem difícil. Enfrenta temporal, sol, chuva, vento e muitas vezes chegamos lá pra colher o pescado já não tem mais as artes de pesca, porque os ladrões tem levado tudo”, diz o filho de pescador.

 

A mesma opinião é compartilhada pelo jovem Lucas Chede, com 31 anos, mas que já acumula experiência há mais de 15 anos na atividade e enxerga a profissão com muito orgulho também.

 

“A vida do pescador é difícil, mas tem duas coisas que conseguimos unir: uma pela necessidade e outra pelo amor à profissão. Pescador que é pescador não consegue ficar um dia longe da água por mais de dois dias”, afirma.

 

Aos 11 anos conta que já teve seu primeiro contato com a tarrafa e pegou seu primeiro peixe “na pulada do Boto”. Ele é um dos profissionais que realiza a famosa “Pesca Com Auxílio Dos Botos”, e vive exclusivamente dela. Junto com ele, cerca de 60 famílias também tiram boa parte do seu sustento dessa forma.

 

“Meu vô era pescador, conhecido como João 18. Ele não queria que eu fosse pescador, por ser uma vida muito difícil. Quem me levou para a pesca foi meu irmão. Aos 18 anos comecei a pescar profissionalmente”, relembra.

 

Farol de Santa Marta e a pesca da tainha

 

O Farol de Santa Marta é a região de Laguna com a maior concentração de pescadores artesanais que usam embarcações para capturar em alto mar peixes como tainha e anchova, principalmente no Cardoso, Prainha, Cigana e Praia Grande.

 

Missa do padroeiro dos pescadores

 

Para celebrar a data, em homenagem ao padroeiro dos pescadores – São Pedro, será realizada uma missa festiva nesta terça-feira (29), na paróquia da Cabeçuda. Também será transmitida ao vivo pela página do Facebook (Paróquia São Pedro Apóstolo Cabeçuda)

 

Texto: Gisele Elis (MTB 6822)

Fotos: Elvis Palma e colaboração de Lucas Chede