Laguna recebe projeto piloto para restauração de manguezais em troca de créditos de carbono

Laguna recebeu a visita de financiadores estrangeiros, equipe técnica e pesquisadores do Instituto Çarakura e do Grupo Holândes Climate Neutral Group para apresentação das etapas de desenvolvimento do Projeto Maré de Restauração. A proposta é analisar a viabilidade de implementação na cidade, com o objetivo de conservar e restaurar áreas de manguezais e marismas, possibilitando a geração de créditos de carbono para os proprietários e comunidades dessas áreas.




 

Essa já é a segunda vez que o grupo internacional visita a cidade, após a primeira vistoria técnica de prospecção que identificou áreas potenciais na região da Madre, nas proximidades da foz do Rio Tubarão. Laguna está, junto com Palhoça, entre as duas cidades com maior potencial de desenvolvimento do projeto.



 

“A Fundação Lagunense do Meio Ambiente está auxiliando o grupo a identificar essas áreas para a atividade de restauração, incluindo os aspectos legais e fundiários para o uso dessas terras”, explicou o biólogo da Flama, João Gabriel.

 



De acordo com os pesquisadores a degradação de manguezais e marismas em Laguna foi causada principalmente por viveiros de camarão, retificação de cursos d´água, urbanização, agricultura, poluição e outras atividades humanas.




 

Atualmente três áreas pilotos estão sendo estudadas, entre elas está uma Fazenda de Camarão Orgânico, em Laguna, próximo ao Rio Tubarão. Esta propriedade possui uma paisagem diversa entre pastagens, aquicultura e áreas em recomposição, sendo um modelo potencial para aplicação de técnicas que permitem atividades produtivas coexistirem com marismas e manguezais preservados.




 

O principal avanço nos últimos meses foi o levantamento de dados científicos preliminares, que demonstram e comprovam o armazenamento de carbono no solo de áreas no entorno da Lagoa Santo Antônio dos Anjos, se estiverem protegidas ou se forem restauradas.




 

“Os próximos passos incluem confirmar esses dados com análises em mais pontos do sistema lagunar e identificar outros proprietários com interesse em destinar terras para o projeto em troca de renda dos créditos de carbono”, ressalta o biólogo.

 

 

Como está sendo feito?

 

 

O Instituto Çarakura, com apoio da Flama e Secretaria de Pesca e Agricultura (Sepagri), em parceria com outras organizações e pesquisadores, está desenvolvendo estudos em áreas piloto, uma delas é Laguna. 

 



O objetivo é compreender as necessidades e custos das intervenções necessárias para restaurar a dinâmica hídrica, fluxo de sedimentos e bancos de sementes para restauração ou revitalização dos manguezais e marismas em suas áreas de ocorrência natural.



 

Para execução e viabilidade do projeto é necessário ter receita de crédito de carbono e co-financiamento de empresas e outras organizações. Essa receita, após a certificação feita pelo Climate Neutral Group, será compartilhada com agricultores, proprietários de terra e instituições parceiras.



 

Restauração de manguezais e marismas:

 

 

A restauração desses ecossistemas oferece benefícios às comunidades, municípios e organizações, além do potencial de geração de renda para agricultores e empresas.

 

 

Os manguezais e marismas atuam como zona de amortecimento para áreas continentais, controlando inundações e erosões. São ecossistemas que possuem grande relevância, pois são áreas de reprodução de uma enorme variedade de animais marinhos e plantas. 

 

 

A restauração dos manguezais e marismas contribui não só para a manutenção da biodiversidade, mas também protagoniza a mitigação às mudanças climáticas, por sua alta capacidade de retenção de carbono.