Economia

Com uma economia voltada principalmente para a pesca, Laguna se destaca pela forte produção de camarão e siri nas lagoas e de pescados na costa do Atlântico Sul.

Banhada pelas lagoas Santo Antônio dos Anjos, Imaruí e Mirim, a cidade atrai turistas à procura do famoso “Camarão Laguna” . Reconhecido como um dos melhores do Brasil, o crustáceo é capturado através da pesca artesanal, nos meses de dezembro a junho, do entardecer ao amanhecer.

A atividade utiliza como arte de pesca para a captura do camarão a rede conhecida como “aviãozinho”, propícia à baixa profundidade das lagoas, inferior a dois metros. A baixa profundidade, por outro lado, favorece o desenvolvimento do camarão.

A técnica utiliza redes com argolas e luz à bateria, para atrair o crustáceo. À noite, as lagoas são cobertas de luzes, semelhante a uma cidade iluminada, proporcionando um espetáculo aos visitantes.

No Canal de Laranjeiras, na lagoa Santo Antônio, com cinco metros de profundidade a captura deve ser feita com tarrafas e somente por pescadores artesanais profissionais.

De 15 de julho a 15 de novembro, período de defeso do camarão e reprodução do crustáceo, a pesca é proibida no complexo lagunar.

Espécies que habitam as lagoas da região: Camarão Rosa (Penaeus paulensis) e Camarão Branco (Penaeus Schimitti).

 

 

Pescar sempre foi muito mais fácil na cidade de Laguna, em Santa Catarina, do que em qualquer outro lugar do Brasil. Não bastasse a generosidade da natureza, que atrai várias espécies de peixes e camarões para a região, há também um fenômeno raro: a ajuda dos golfinhos – uma cooperação que, além de no Brasil, só acontece na Mauritânia, na África.

A cooperação dos golfinhos é um fenômeno que enche os olhos dos turistas e as redes dos pescadores artesanais da região. Também atrai cientistas. A “pesca cooperativa”, como os pesquisadores batizaram essa interação entre homem e animal, é uma tradição de Laguna. “Há depoimentos que remontam ao século passado”, diz o biólogo Paulo César Simões-Lopes, da Universidade Federal de Santa Catarina. Ele passou mais de um ano na cidade estudando o comportamento dos golfinhos, o que resultou numa tese de doutorado. “Só há coisa ligeiramente semelhante no Rio Grande do Sul e na África.” Mesmo assim, nada com a intensidade e beleza reveladas no litoral catarinense.

Em Laguna, os golfinhos costumam ficar passeando pelo canal que liga a Lagoa de Santo Antônio ao mar aberto. Os pescadores preparam suas tarrafas (uma espécie de rede circular, de mais ou menos 3 metros de diâmetro) e colocam-se à beira do canal, a pé ou de canoa, dependendo da maré. Ao perceber a presença dos humanos, os golfinhos passam a cercar os cardumes que entram e saem da Lagoa, sobretudo as tainhas, e os afugentam na direção dos pescadores. Os peixes que escapam das redes viram presa fácil e vão parar no estômago dos botos.

O que intriga muitos é o fato de que os golfinhos da região são iguais àqueles que se podem ver no mundo todo. É a espécie Tursiops truncatus, ou “nariz de garrafa”, a mais comum e conhecida de todas. Quem já assistiu à série de TV Flipper certamente viu um deles. O que existe de diferente nos bichos do litoral de Santa Catarina é o seu comportamento.

Segundo os pescadores, cerca de 60 golfinhos freqüentam a barra da Lagoa de Santo Antônio, o turista pode apreciar o fenômeno na Praia do Molhes, ao lado do Mar Grosso. Doze deles são os chamados “botos bons”, que costumam “trabalhar” para os pescadores. “Eles são sempre filhos de outros botos bons, que aprenderam com seus pais a nos ajudar na pesca”, diz Paulo Simões, 33 anos, pescador desde os 5 anos de idade. “Nós sabemos o nome de cada um pelas marcas que eles têm nas galhas.” Entre esses golfinhos batizados há unanimidades.

Também são os que trabalham mais dias por semana. Em domingos ou feriados, quando os pescadores não aparecem, esses golfinhos ficam impacientes, fazem malabarismos e emitem gritos.