Pedro Raymundo será homenageado em sessão solene na noite desta quinta
A Câmara Municipal de Vereadores realiza nesta quinta-feira, 27, sessão solene em homenagem ao músico catarinense, Pedro Raymundo.
O ato ocorre às 20h, no Cine Teatro Mussi e integra a programação oficial da 41ª Semana Cultural de Laguna (Entre Memórias e Tradições).
Autor da canção ‘Saudade de Laguna’, foi um dos pioneiros da música tradicionalista e um dos maiores artistas regionais que o Brasil teve. Em 2023 é lembrado 50 anos de sua morte. Em 1973, a cidade de Laguna já havia homenageado o cantor com o título de Cidadão Lagunense. Sua famosa gaita de oito baixos deve ser exposta em breve no Museu Anita Garibaldi, após sua reabertura.
Ainda no evento, haverá entrega de Título de Cidadão Lagunense ao desembargador Eduardo Mattos Gallo Junior.
As comemorações da Semana Cultural celebram os 347 anos do município entre 22 a 29 de julho. Veja a programação completa clicando aqui
Conheça a história de Pedro Raymundo
Pedro Raymundo nasceu em 29 de junho de 1906, na cidade de Imaruí. De família humilde, sua mãe Maria faleceu cedo quando ainda ele era criança e seu pai João trabalhava como pescador.
Em 1914, próximo dos 8 anos de idade, ganha uma gaita de oito baixos de seu pai. E ali começa a dar os primeiros acordes, logo depois torna-se músico e até cria uma banda, de nome Amor à Ordem.
Morou na sua cidade natal até 1924, depois foi pra Blumenau, Lauro Muller, Laguna e por fim Porto Alegre, onde fixa moradia em 1929.
Teve várias profissões como pescador, oleiro, mineiro, comerciário, ferroviário, condutor de bondes e contínuo, mas sempre se manteve como músico nos turnos contrários.
Um fato interessante é que em 1925, quando ele era ferroviário em Lauro Muller, sofreu um acidente de trabalho o qual teve o polegar direito seriamente lesionado, o que atrapalhava ele na execução de alguns movimentos da gaita.
Mas isso nunca foi limitante, o repertório de ritmos de Pedro Raymundo era muito vasto, tocava xotes, rancheiras, toadas, choros, valsas e até jazz.
Em 1939 forma o Quarteto dos Tauras, se apresentam na Rádio Gaúcha e são reconhecidos pelo público, tempos depois é Pedro é contratado pela Rádio Farroupilha.
Foi nessa época que ele encomendou à fábrica Todeschini a sua famosa gaita xadrez, cujo o projeto da gaita facilitava ele a tocar as músicas.
Em 1943, ele vai pro Rio de Janeiro pra participar dos famosos programas de calouros que haviam nas rádios da então capital brasileira, como a Rádio Tupi, Radio Clube e a Rádio Nacional. E nessa sua jornada, ele se apresenta de chapéu, lenço, bombacha, guaiaca e botas, pilcha completa. Canta a toada de sua autoria Gaúcho Alegre, conquista a audiência e firma o seu nome que ficaria eternizado: Pedro Raymundo, o gaúcho alegre do rádio!
Em 1944 ele grava talvez o seu maior sucesso: Adeus, Mariana! Disco em 78rpm pela gravadora Continental. E convenhamos que Adeus, Mariana é uma música que faz sucesso até hoje e todo mundo conhece. Essa música fez tanto sucesso na época que a partir daí ele começa a fazer parcerias com os principais nomes da época do rádio e do teatro como Ary Barroso.
O sucesso de Pedro Raymundo é nacional, é um dos artistas mais requisitados para shows. Viaja o Brasil todo e grava muitos discos. Também participou de filmes no cinema e foi capa da Revista do Rádio, uma das mais importantes publicações dos anos 50.
Nessa mesma época ele conhece o Luiz Gonzaga, famoso Gonzagão. Que admitiu em uma entrevista que começou a usar o chapéu de couro e o gibão nas apresentações inspirado na forma que o Pedro Raymundo se vestia. Era um no Sul e outro no Nordeste.
Até 1958, ele tinha gravado mais de 60 discos. Bom lembrar que os discos eram simples, uma música de cada lado apenas. Nesses discos a maioria das obras eram de sua autoria ou parceria dele com outros artistas da época. Também fez a famosa versão de Prenda Minha que popularizou muito essa música.
Pra gente ter uma ideia da importância que teve Pedro Raymundo para a música gaúcha, até antes dele, as músicas gaúchas eram rotuladas nas rádios como sertanejas ou caipiras, foi a sua carreira que serviu de base pra tantos outros gaúchos que vieram depois José Mendes, Teixeirinha, Gaúcho da Fronteira e tantos outros.
Mas a partir dos anos 60 a carreira de Pedro Raymundo começa a esfriar e isso veio justamente em decorrência daquele sério problema que tinha no seu polegar direito, que inclusive foi operado pelo filho do Getúlio Vargas, que era cirurgião, precisou ficar longe dos palcos por cerca de 2 anos.
Ao mesmo tempo, a televisão começa a se popularizar no Brasil e o Gaúcho Alegre não podia mostrar a sua estampa por que tinha que tocar ao vivo e estava impedido devido à recuperação do procedimento cirúrgico. Em entrevista a uma revista, Pedro Raymundo disse que pensava que nunca mais ia poder a sua gaita.
Foi voltando aos poucos aos palcos, rádios e televisão. Lançou 7 LPs entre 1960 e 1968. Mas não conseguiu obter o mesmo sucesso da década anterior.
Em 1971 estava morando em Laguna e vinha toda a semana pra Porto Alegre pra apresentar o “Programa Pedro Raymundo” na Rádio Gaúcha. Sua saúde já estava bem debilitada, não enxergava direito. Vários amigos, inclusive o Teixeirinha, tentaram convencer ele de encerrar a carreira e cuidar da saúde, mas ele seguiu por mais alguns anos.
Em 1973, a cidade de Laguna o homenageia com o título de cidadão honorário e infelizmente em 9 de julho de 1973, ele falece no Rio de Janeiro acometido pelo câncer.
Não é exagero e nem ousadia afirmar que Pedro Raymundo foi o precursor do gauchismo no Brasil e também abriu os caminhos para a música regional brasileira, firmando o modo de tocar, se portar e se vestir. Se hoje temos orgulho em ver nossos ídolos se apresentarem pilchados como nós, devemos grande parte disso a Pedro Raymundo.
Com informações do site Linha Campeira